quinta-feira, 17 de junho de 2010

Projeto Escola Aberta / MEC

Projeto Escola Aberta

ALCIONE NASCIMENTO TINÔCO

Pedadoga

O projeto de transformação da sociedade rumo a formas de organização e de vida mais democráticas passa pela qualidade do projeto de educação que se apresenta como fundamento para uma nova forma enraizamento nas comunidades–alvos, sustentados pela encontro entre valores sociais e institucionais que resulta a consolidação de uma democracia substantiva que se traduza pelo cultivo cotidiano do respeito à diversidade, da liberdade, da solidariedade e da cidadania, entre outros valores inscritos.Dessa forma, a Proposta Pedagógica do PROGRAMA ESCOLA ABERTA evidencia a opção política por conceitos como apropriação democrática do espaço público, valorização das culturas locais, celebração das diferenças no âmbito da igualdade perante a lei e socialização do saber como promoção de autonomia e de participação social. Portanto, sua presença em áreas urbanas com um alto índice de risco e vulnerabilidade social ultrapassa a intenção de buscar a simples solução de retirar os jovens das ruas, ocupando-lhes o tempo. Trata-se de movimentar atores políticos, técnicos, públicos e privados, de âmbitos federal, estadual e municipal a fim de solidificar as experiências vividas, de forma a que sejam incorporadas à vida das escolas e promovam transformações culturais profundas no cotidiano das populações envolvidas. Abrir as escolas aos finais de semana para que as comunidades as utilizem como locais de vivência do encontro entre criatividade, lazer e aprendizagem é uma ação aparentemente simples. Entretanto, se orientada pela intencionalidade educativa, pode repercutir de maneira duradoura e positiva no ethos e na visão de mundo das pessoas envolvidas.

É movido por essa certeza e por esses princípios que o PROGRAMA ESCOLA ABERTA ganha legitimidade ao buscar promover e ampliar a integração entre escola e comunidade, ampliar as

oportunidades de acesso a espaços de promoção da cidadania e contribuir para a redução das violências na comunidade escolar. Para isso, fundamenta-se numa concepção de escola como lócus do encontro entre o conhecimento formal historicamente acumulado e os saberes populares.

Consequentemente, o ambiente escolar é visto como espaço privilegiado de convivência entre diferentes e de aprendizagem da ética da cooperação que se contrapõe à da coerção. Apesar de ser o lócus formal prioritário da práxis educativa, a escola não é o único. Assim entendendo, o Programa amplia as experiências de aprendizagem ao trazer para a instituição os saberes e talentos que fluem na vida das comunidades,permeando-os com uma intencionalidade que os situa no processo reflexivo sobre os fins educativos. Dessa forma, a instituição escolar desfaz os muros que a distanciam do cotidiano das pessoas que habitam o seu entorno e que, convidadas a entrar, dão vida ao seu silêncio por meio da alegria cultural e da criatividade. Além disso, a concepção de comunidade escolar se amplia para incluir outros atores: as famílias dos alunos e os moradores locais que, ao estabelecerem vínculo com o cotidiano da instituição, são estimulados a

participar de suas decisões e a colaborar para a qualidade das suas atividades.

O que aqui se apresenta é o pensamento educativo proposto como fundamentação para as ações de um programa governamental que se iniciou em outubro de 2004 e que atualmente inclui 1.561 escolas, em todas as regiões brasileiras. Atuar a partir das pequenas comunidades e ampliar as ações, integrando-as com outras ações educativas complementares de governo, estabelecendo parcerias em todas as instâncias da administração pública: essa é a estratégia de ação do PROGRAMA ESCOLA ABERTA que é executado de forma descentralizada a partir

da adesão das escolas participantes e do envolvimento das comunidades. Essas características são coerentes com a idéia de uma sociedade democrática em que a paz se fundamenta na consciência dos deveres e direitos dos cidadãos, bem como na valorização dos diversos estilos identitários. Além disso, produzem a certeza de que se não solucionam por si só os problemas educacionais do país, contribuem para a tessitura de uma rede de relações sociais e políticas voltada para a transformação da qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. Essa certeza alimenta o ânimo de todos os que colaboram para o sucesso do Programa e as palavras de Paulo Freire quando afirmou que “se a educação não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário